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quarta-feira, 6 de maio de 2009

LEIAM COM ANTENÇÃO: Navios Negreiros ainda existem...

... e agora fazem o transporte à distância de inocentes animais...


"Os novos navios negreiros:

Recentemente a emissora londrina BBC noticiou em seu site na internet uma série de documentários, intitulados "Handle With Care", sobre o transporte de longa distância de animais vivos, com objetivo de serem abatidos no local de destino: são viagens por terra e pelo mar e que às vezes duram mais de 30 dias.As filmagens foram feitas durante anos por ativistas de entidades não-governamentais ligadas à defesa dos direitos de animais e que acompanharam, secretamente, diversos roteiros dessas viagens. O resultado é alarmante quanto à violência e falta de ética do ser humano em relação aos outros seres vivos: porcos esmagados no embarque dos navios, quase a totalidade das galinhas transportadas sofrendo múltiplas fraturas, cavalos viajando sem descanso e água por 40 horas, terneiros conduzidos por ferrões elétricos, enfim, animais subjugados pela doença, fome e estresse.


O Brasil está "contemplado" nos referidos documentários, por integrar uma das rotas cruéis: a do transporte de gado vivo da Amazônia para países do Oriente Médio.De fato, na condição de Promotor de Justiça, já pude investigar um pouco do sistema de exportação de animais vivos desde o Porto do Rio Grande até o Oriente Médio, e a conclusão a que se chega não é diferente.

Trata-se de uma prática que ofende os princípios éticos mais relevantes, ao retirar animais de tenra idade da vida no campo, desmamados precocemente, para serem transportados pela forma mostrada no documentário, e ao permitir que nesses países sejam abatidos sem observância das regras que vigoram em nosso país e que impõem que o abate dos animais de "açougue" seja precedida de insensibilização. Além disso, a aglomeração desses animais, às vezes em áreas urbanas, à espera do embarque, é potencialmente lesiva ao meio ambiente; e sob o ponto de vista econômico, sempre tão lembrado, significa perda de emprego para muitos trabalhadores ligados a frigoríficos e a outros empreendimentos que lidam com essa "matéria-prima".

Enfim, ao ignorarmos o sofrimento desses seres vivos capazes de experimentarem sensações de alegria, tristeza, medo e pavor, tal como nós humanos, expomos nossa face mais perversa, e criamos, em pleno século 21, novos navios negreiros. Integrantes de povos vitimados por escravatura não devem encontrar qualquer ofensa na comparação, pois ela revela apenas que as idéias equivocadas de superioridade de raças e sexos, bem como os preconceitos em geral, são primos do antropocentrismo, em que se crê que o homem é a figura central da natureza (muito embora esta lhe anteceda em bilhões de anos!) e que só os interesses humanos são dignos de preocupação moral. Ao contrário, a comparação enaltece o que há de mais importante por trás da lembrança desses tristes eventos da história da humanidade: a necessidade de que o sofrimento alheio, de qualquer ser vivo que seja capaz de sofrer, jamais nos seja indiferente."

*Promotor de justiça (Defesa Comunitária e Meio Ambiente) em Pelotas, RS.

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